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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Quíron em Capricórnio e na Décima Casa.



Quíron em Capricórnio e na Décima Casa.



Quíron em Capricórnio e na Décima Casa.

"A 10° casa refere-se a questões que envolvem um dos genitores. Nossa atitude para com o mundo “lá fora” e as figuras de autoridade é fortemente influenciada pelo tipo de vínculo estabelecido com nossa mãe, cujas qualidades costumam estar simbolizadas neste campo.

Saturno é o regente natural da 10° casa, e sabemos ser a mãe aquela que nos fornece o primeiro sentido de limite. Além disso, em nossa cultura, muitas mulheres viveram, até pouco tempo, o princípio saturniano através de seus maridos recebendo deles os seus papéis, estabelecendo contato com o mundo através deles e utilizando até mesmo seus sobrenomes.

Por conseguinte, a 10° casa pode descrever as ambições inconscientes da mãe, suas aspirações ao sucesso, à independência e ao poder; se este for o caso, sua vida não-vivida e suas ambições frustradas poderão nos afetar profundamente.

A 10° casa descreve nosso lugar natural no mundo, nossa herança e a forma pela qual procuramos expressá-la. Relaciona- se também com as leis, as instituições, as estruturas da sociedade e o mundo material; em nível mais profundo, mostra a maneira pela qual pretendemos realizar nossas potencialidades, manifestar nossa individualidade e participar do mundo.

Quando Quíron encontra-se em Capricórnio ou na 10° casa, é comum sentirmos dificuldades em estabelecer e concretizar nossos objetivos, bem como em definir nosso lugar dentro da sociedade.

E necessário termos paciência em nossa ânsia de descobrir uma vocação com a qual podemos contribuir para o mundo, pois é possível que só se manifeste tardiamente, precedida de inúmeras e falsas oportunidades.

Por outro lado, talvez tenhamos também certa dificuldade em desfrutar o prestígio que outros percebem em nós, de modo que ficamos atormentados com sentimentos de fracasso, não importa o quanto sejamos bem-sucedidos.

Em geral, convém examinar algumas das razões mais profundas que se escondem por detrás dessa atitude: é possível que estejamos nos impondo padrões inexequíveis ou esperando que cada nova montanha a ser galgada seja a última.

Podemos estar lutando sob a pressão de expectativas da família que nunca poderão ser concretizadas; talvez estejamos tentando ter êxito onde nossos pais fracassaram ou atingir metas pelas quais não se esforçaram.
Por fim podemos nos ver compelidos a fracassar com o intuito de decepcionar nossos pais, e isso pode, de fato, representar nosso primeiro sucesso.
 
Todavia, se esta atitude for inconsciente, continuaremos a nos trair e a fracassar, não por falta de capacidade e desejo de vencer, mas para castigá-los. Com Quíron em Capricórnio ou na lO° casa, podemos finalmente encontrar prazer em lutar para escalar a montanha de nossas ambições.

Talvez possamos nos apegar a fachadas externas e à representação de papéis para encobrir nossa vulnerabilidade e ocultar a sensação de que estamos de algum modo deslocados.

Podemos ou atribuir demasiada ênfase ao êxito material, ao prestígio e ao status ou, pelo contrário, evitar o poder e a posição social só para descobrir que colidimos com o sistema, sendo constantemente multados por estacionar em locais proibidos, passando pelo pente-fino por ocasião da declaração dos impostos ou entrando em desavença com figuras de autoridade!

Quando Quíron encontra-se neste posicionamento, a pessoa parece carecer da noção de responsabilidade. Entretanto, uma análise mais detida poderá revelar um quadro bem diferente: podemos assumir responsabilidade por coisas sobre as quais não temos, na realidade, nenhum controle.

Isso dificulta nossa capacidade de sermos independentes no mundo, e passamos então a procurar alguém que possa tomar conta de nós (sombras da 4 casa).

Devemos desistir de nos empenhar em lutas inúteis, enfrentando dificuldades e responsabilidades que, em realidade, não são de nossa conta.

Se assumirmos as obrigações e deveres dos outros, esperando alguma recompensa ou reconhecimento em troca, poderemos ficar decepcionados, amargos e ressentidos, recusando-nos a participar da vida.

Algumas vezes, julgamos incorretamente nossas próprias capacidades, assumimos encargos em excesso, fracassamos e, em consequência de tudo isso, passamos a nos sentir culpados por não termos assumido nossas responsabilidades.

Embora possamos sentir certo temor por nossa notoriedade ou por assumirmos uma posição de controle e autoridade, é possível que também alimentemos fantasias de poder desconfiado e despótico, geralmente reprimidas por vergonha e medo.

Se esses sentimentos constrangedores permanecerem inconscientes, poderemos nos prejudicar a partir do momento em que começarmos a ter êxito.

Por exemplo, uma mulher com Quíron na lO° casa estava convencida de que, em vidas passadas, fora membro de uma família real no antigo Egito.

Estava deprimida e também preocupada em descobrir que tipo de ato terrível cometera para cair em desgraça, o que a obrigava agora a lutar por dinheiro e a viver num modesto apartamento em Londres, juntamente com milhões de outros cidadãos que não lhe reconheciam as origens nobres.

Ao analisar longamente essa fantasia, percebeu, com o decorrer do tempo, que só conseguia definir a auto-estima em termos de poder e status no mundo. A imagem da princesa que acreditava representar sua grande meta estava atuando como obstáculo, impedindo que realizasse coisas que estavam dentro de suas capacidades.

Por fim, começou a vislumbrar essa figura como meio de simbolizar suas qualidades internas de dignidade, compostura e auto- suficiência.

A partir do momento em que seu senso de auto- estima começou a melhorar, os conceitos de êxito ou fracasso em termos mundanos foram perdendo seu rigor e ela, gradativamente, passou a definir objetivos mais realistas e a concretizá-los.

Uma das dádivas desse posicionamento é o sucesso que emana de um forte senso de auto respeito e auto-estima e não o sucesso como compensação pela falta disso.

Muitas pessoas com Quirom. em Capricórnio ou na 10° casa possuem um senso natural de autoridade e dignidade que impõe respeito.

Com Quíron em Capricórnio a área ferida pode ser o relacionamento com o pai pessoal e, portanto, com o princípio paterno em geral.

O pai pode ter sido desconhecido; pode ter sido visto como fraco e incapaz, ou rígido e autoritário, ou uma coisa e outra. “Não faça o que eu faço, faça o que eu digo” é uma mensagem bem conhecida para muitos daqueles que apresentam esse posicionamento.

Homens e mulheres podem crescer determinados a nunca serem iguais a seus pais; passam então a vida lutando energicamente contra o modelo paterno para mais tarde descobrir que esse pai ferido ou autoritário avulta como verdadeiro gigante no interior de sua própria psique, ameaçando a concretização positiva de objetivos almejados.

Muitos homens tornam-se pais com a intenção de “serem diferentes”, porém, para seu assombro, descobrem mais tarde que acabam por repetir exatamente, se bem que de outra forma, as características de seus próprios pais, que consideravam tão desagradáveis.

No exemplo citado a seguir, entretanto, o padrão do pai foi redimido pelo indivíduo que teve a coragem e a oportunidade de enfrentar primeiro suas próprias feridas.

Este jovem, ao qual darei o nome de Roger, tinha Quíron em Capricórnio na 5° casa, fazendo parte de uma quadratura T: Quíron em oposição a Urano em conjunção com Júpiter posicionado em Câncer na 11° casa, todos fazendo quadratura com Netuno em Libra na 2° casa.

O pai de Roger foi um homem que venceu pelo seu próprio esforço e subiu consideravelmente na vida, adquirindo status e transmitindo ao filho um modelo de educação tipicamente capricorniano.

Suas atividades profissionais e seu imenso desejo de ter sucesso (no íntimo para superar o próprio pai) exigiam que passasse longas horas fora de casa, de modo que Roger foi praticamente criado pela mãe e, assim, mal conheceu o pai.

Quando o pai começou a beber (Quíron de Roger em Capricórnio fazendo quadratura com Netuno e Libra), tornando-se violento e exibindo comportamento imprevisível (Quíron em oposição a Urano), Roger resguardou sua vulnerabilidade ao decidir não tomar qualquer atitude diante da situação (Quíron em Capricórnio);

também negou os valores do pai, ligados ao sucesso e à realização material. Posteriormente, entretanto, Roger viu-se aprisionado em sua não-reatividade emocional; sentiu-se internamente paralisado e esteve muitas vezes à mercê de um juiz interno severo e impiedoso.
Quando Saturno e Plutão em trânsito entraram em conjunção com Netuno e, portanto, fizeram quadratura com Quíron, Roger iniciou sua terapia.

Teve uma série de sonhos nos quais era atacado e violentado por um bando de homens loucos e violentos. Ao trabalhar com esses sonhos, começou a emergir um lado infantil vulnerável até então desconhecido (Quiron na 5° casa).

A princípio Roger sentiu apenas desprezo e medo por essa criança; com o pai aprendera que era sinal de fraqueza demonstrar qualquer sensibilidade.
Pouco depois desse período, sua esposa engravidou; ele era favorável ao aborto, porém mudou de ideia no último minuto, a despeito de todo o seu temor de “não ter base suficiente” para ser pai.
Posteriormente, através de seu relacionamento com o filho, conseguiu sentir respeito pelo seu próprio sentimento de vulnerabilidade.

O pai de uma cliente servia no Exército Territorial e quase sempre estava ausente de casa. A configuração de Quíron dessa mulher caracterizava-se por Plutão na 12° casa, Marte na 1° casa, ambos em Câncer em conjunção com o Ascendente, todos em quintil com Quíron na 10? casa;

Saturno, regente natural da 10° casa, encontrava-se em Sagitário, em sesquiquadratura com Marte. O pai entrou no Exército no ano em que ela nasceu, e, com o tempo, ela se convenceu de que ele fora embora por sua causa.

A mãe andava quase sempre irritada e tinha dificuldade em enfrentar sozinha a situação; esse ambiente reforçou na filha a ideia de que era culpada por tudo que pudesse ocorrer, sendo essa vivência simbolizada por Quíron na 10° casa (onde se encontram tanto a mãe ferida quanto o pai ausente) em quintil com Marte (sendo ferida pela raiva).

Esse sentimento de ser responsável pela ausência do pai manteve-se oculto até a morte deste aos cinquenta e três anos de idade. A certeza inconsciente de que ela era, de certo modo, uma pessoa perversa, fora, nesses anos todos, absorvendo grande parte de seu senso de auto-estima.

Outra mulher tinha Quíron em Capricórnio na 4° casa, em aspecto com quase todos os planetas do mapa. Vinha de uma abastada família de caráter nitidamente patriarca!. Sua rejeição do pai e de tudo o que ele representava era tão corrosiva que a levou a se tornar lésbica e feminista radical.

Odiava os homens e procurava eliminá-los o mais possível de sua vida; pertencia também a um grupo que fazia campanha pela reforma das leis relacionadas com os estupradores.

Entretanto, por debaixo de sua raiva, manavam dolorosos sentimentos de vulnerabilidade e dependência (Quíron na 4° casa), bem como um intenso amor pelo pai.

Algumas vezes a ferida de Quíron na 10° casa reflete problemas relacionados com a mãe. Pode ter sido ela a agressora, e as mulheres com este posicionamento podem empenhar todo seu esforço para não repetir os padrões herdados da mãe.

Trata-se também de um posicionamento comum em pessoas que trabalham no campo da cura, e, por vezes, a escolha da profissão representa um esforço direto para contrapor-se aos ferimentos decorrentes de seu relacionamento com a mãe, tornando-se elas próprias “boas mães”.

E também possível que estejam tentando reparar uma raiva inconsciente contra a mãe. Se esta foi por algum motivo ferida ou esteve incapacitada, é provável que, quando ainda muito jovens, tenham sido capazes de enfrentar a vida e cuidar dos outros.

Ao atingir a idade adulta, as pessoas com esse posicionamento quase sempre têm empregos que exigem muita responsabilidade e são peritas em dominar as situações: entretanto, podem não ser capazes de assimilar a seiva da vida (ecos da 4° casa).

Por exemplo, a uma mulher que dirigia um centro terapêutico disseram que agia como comerciante no processo de cura, sem incorporá-lo. A princípio ela considerou impossível aproveitar tudo aquilo que estava à sua disposição, a exemplo de Quíron, que proporcionava aos outros a cura que ele próprio não conseguia para si.
Por outro lado, um dom desse posicionamento é a capacidade de estimular o crescimento dos outros, “reprocriando-os”, 

manifestando amor e dando orientação que podem ter faltado antes. Aqueles que têm Quíron nesse posicionamento também podem assumir com seriedade suas obrigações para consigo mesmos e para com os outros; além disso, não têm medo de enfrentar dificuldades e responsabilidades das quais outros fugiriam assustados".

O texto está livre para divulgação, desde que seja citada a Fonte:

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